11/08/2014

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Renda das favelas cresceu 54,7% nos últimos 10 anos

Em dez anos, a renda dos moradores das favelas cresceu 54,7%, enquanto que no Brasil, no mesmo período, a renda cresceu 37,9%.  No ano passado, o salário médio nas comunidades era de R$ 1.068, contra R$ 603, em 2003. Os 12 milhões de habitantes das favelas são capazes de movimentar R$ 64,5 bilhões por ano e já se configuram como um mercado consumidor maior que o Paraguai e Bolívia juntos.

Esta são algumas das considerações do livro “Um País chamado Favela”, de Renato Meirelles e Celso Athayde, apresentado na semana passada ao ex-presidente Lula. Segundo Meirelles, a publicação desmonta “preconceitos do asfalto” em relação a essas comunidades, tidas, por desinformação, como lugar de violência, pobreza e bandidagem.

O pesquisador, responsável pelo Instituto Data Popular, destaca que há 10 anos apenas um terço das populações das favelas era integrante da chamada classe C de renda, e hoje são dois terços, por se tratar de um dos ambientes que mais se beneficiaram do crescimento dos empregos e da renda no país, compondo um mercado que consumirá R$ 64 bilhões somente neste ano. "Se tem um lugar onde a classe C cresceu, foi dentro da favela", contextualiza Meirelles.

“Antes do Lula e da Dilma, parte da população brasileira vivia na periferia desprovida de qualquer política pública e convivia, muitas vezes, com a ausência de saneamento básico ou assistência à saúde. Com o PT não, incluímos a população mais pobre na divisão das riquezas produzidas pela nação e nos tornamos num país mais igualitário”, reflete o deputado federal José Guimarães (PT-CE).

Para o cientista político Paulo Vannuch a publicação revela “uma classe trabalhadora que constrói o Brasil”. Para ele, quando 66% das pessoas respondem que não pretendem se mudar de sua comunidade mesmo se tivesse o dobro do poder aquisitivo é por encontram ali diversos fatores que associam a qualidade de vida.

“São pessoas que precisam apenas de pequenos deslocamentos para fazer as coisa que precisam em seu dia a dia. É gente que se ajuda. Mais da metade dos entrevistados já emprestou seu cartão de crédito para um vizinho quando precisou, geralmente para um amigo que por sua, vez ajudou a tomar conta do filho do outro. São sentimentos de ajuda mútua que começam a desaparecer à medida que a pessoa vai ficando mais rica e individualista”, observa.

A pesquisa Radiografia das favelas brasileiras foi realizada em setembro de 2013, pelo Data Favela, com 2.000 pessoas. Foram entrevistados moradores de 63 favelas, de dez regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal). Os dados foram transformados no livro Um País Chamado Favela (Editora Gente) que será lançado nesta quinta-feira (7) em São Paulo.