14/10/2004

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O saldo positivo da viagem do presidente Lula à China

A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China foi importante não só pelos dez acordos firmados entre os dois governos e pelos contratos comerciais assinados por empresas dos dois países, mas também por ter viabilizado significativos avanços no diálogo político institucional Brasil-China e na área científico-tecnológica.

A visita ocorreu num momento de intensificação inédita e decisiva nas relações sino-brasileiras. Foi a primeira vez que um presidente brasileiro retornou ao País, desde 1995, e serviu para sinalizar o destaque que o atual Governo dispensa às relações bilaterais.

A missão empresarial foi a maior já organizada pelo Governo e contou com a participação de aproximadamente 460 empresários, representando 315 empresas nacionais. Foram organizados, em Pequim e Xangai, seminários e "workshops" sobre oportunidades de negócios e investimentos com o Brasil, com o objetivo de criar uma âncora econômico-comercial à visita, bem como procurar impulsionar as relações comerciais com a China.

Foi dada ênfase especial aos setores considerados prioritários, como infra-estrutura, mineração, móveis, logística e agronegócio. Os eventos de negócios envolveram a participação total de aproximadamente 1700 empresários nas duas cidades visitadas.

O comércio bilateral beneficia-se da complementaridade entre as duas economias e são muito boas as perspectivas para o aumento dos investimentos chineses no Brasil. O Governo brasileiro tem interesse em aumentar o intercâmbio nos setores de café e carnes; frutas e frutas processadas; equipamentos médicos e odontológicos; móveis e madeiras; cosméticos; pedras; mármores e granitos; software e biotecnologia.

Em 2003, a China tornou-se o terceiro maior mercado para o Brasil, atrás apenas dos EUA e da Argentina. Em 2002, o país era o maior mercado importador do Brasil na Ásia, revertendo a tradicional primazia japonesa no comércio com o Brasil: as exportações brasileiras à China passaram de US$ 1,1 bilhão em 2000 para US$ 1,9 bilhão em 2001; e de US$ 2,5 bilhões em 2002 para US$ 4,5 bilhões em 2003.

Hoje há concentração da pauta brasileira de exportações em produtos primários - sobretudo soja em grão e minério de ferro. O desafio da diversificação está posto e o Brasil faz gestões junto ao Governo chinês com objetivo de acelerar o processo de habilitação das exportações brasileiras de carne bovina "in natura" e de cítricos para o mercado chinês, no contexto de negociações sanitárias e fitossanitárias entre os dois países.

O ingresso da EMBRAER no mercado de aviação regional daquele país, por meio de joint-venture com a empresa aerospacial chinesa AVIC II, foi passo importante na diversificação dos interesses comerciais brasileiros na China.

Outro avanço é a constituição do Conselho Empresarial Brasil-China, que conta com destacadas empresas dos dois países, dentre as quais a CVRD, Petrobrás, Banco do Brasil, Embraer e CBMM, com vistas a fomentar a cooperação empresarial, mediante missões empresariais e a promoção de uma imagem mais atualizada do Brasil na China.

Outra nova vertente de cooperação é o grande potencial para investimentos chineses no Brasil. Hoje, o nível de investimentos chineses no País é pequeno, concentrado em eletrônica e eletrodomésticos (Huawei e Gree). Há perspectivas de virem a ser realizados grandes investimentos chineses no Brasil, notadamente nas áreas ferroviária, siderúrgica e de telecomunicações.

Em Xangai, foi realizado o seminário "Brasil-China: Uma Parceria de Sucesso". Na oportunidade, foram apresentados exemplos de parcerias exitosas entre empresas brasileiras e chinesas. O evento reuniu público estimado em mais de 1000 empresários.

Na ocasião, o presidente Lula convocou empresários brasileiros e chineses a intensificarem os contatos, visando celebrar negócios que fossem além da compra e venda de mercadorias e frutificassem em associações "joint ventures" e investimentos recíprocos.

A complementaridade das economias brasileira e chinesa, bem como a possibilidade de atuação conjunta em terceiros mercado, abre um leque de oportunidades de grande interesse para o empresariado dos dois países.

Durante a visita presidencial, foi inaugurada a exposição "Amazonia: Native Traditions", organizada pela "BrasilConnects Cultura e Ecologia", em conjunto com a administração do Museu da Cidade Proibida de Pequim.

A exposição, que reúne 344 peças de arte indígena e peças de arqueologia dos povos amazônicos, foi patrocinada pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER) e pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Trata-se da mostra mais abrangente já realizada por país estrangeiro na Cidade Proibida de Pequim, sítio de grande visibilidade e alto significado na cultura chinesa.

TURISMO

Ao obter o "Status de Destino Aprovado" (ADS) pelo Governo Chinês, que será concedido em agosto, o Brasil irá se tornar um destino turístico em potencial para os chineses.

Durante a visita presidencial foram realizados dois seminários de turismo no País, um em Xangai e outro em Pequim. Os eventos reuniram operadores, agentes de viagens, representantes de companhias aéreas, empresas de eventos, autoridades chinesas e a imprensa.

Todos mostraram grande interesse em conhecer mais sobre o Brasil, já que a concessão do ADS ao País facilitará os trâmites para a saída de chineses em viagem de turismo pelo território brasileiro.

Fonte: Secom