14/10/2004

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Microcrédito rural cresce 219% e libera R$ 193 mi

A linha de microcrédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), voltada para o combate à pobreza no campo, liberou R$ 193,3 milhões em nove meses do Plano Safra para Agricultura Familiar 2003-2004.

Os recursos, em volume recorde, são 219% superiores aos R$ 60,5 milhões liberados durante o mesmo período do ano-safra 2002-2003.

Segundo informações da assessoria do Ministério do desenvolvimento Agrário (MDA), desde julho do ano passado, o desempenho do microcrédito ultrapassou em 10% a soma de todos os recursos destinados aos agricultores familiares de baixa renda nos últimos quatro anos. A expectativa da Secretaria de Agricultura Familiar do MDA é liberar R$ 300 milhões até junho, fim do atual ano agrícola.

Os números do microcrédito rural beneficiaram cerca de 200 mil agricultores familiares da região Nordeste, Norte de Minas Gerais, dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e Norte do Espírito Santo. O contingente é 65% superior aos 121 mil produtores atendidos no ano-safra 2002-2003. O balanço se refere ao mês de março.

Realizar investimentos

Os recursos são do Grupo B do Pronaf, que atende agricultores familiares, com renda bruta anual de no máximo R$ 2 mil. Desde o mês de abril já é possível acessar ao microcrédito rural também na região Norte. Os recursos liberados têm como finalidade possibilitar a esses agricultores a realização de investimentos, ampliação e diversificação das atividades produtivas em suas propriedades.

“O dinheiro é fundamental para que esses produtores familiares possam se estruturar e deixar a situação de pobreza em que se encontram e consigam integrar-se socialmente e economicamente de forma digna”, afirmou o secretário nacional de Agricultura Familiar do Ministério, Valter Bianchini.

Cada agricultor familiar que acessa o Pronaf B pode receber até R$ 1 mil para usar em investimentos produtivos na atividade rural. O microcrédito rural permitia financiamentos de apenas R$ 500. Esse valor foi dobrado no atual governo. Além disso, a taxa de juros, de 1% ao ano, é a mais baixa de todas as linhas do Pronaf. O prazo de pagamento é até dois anos, com até um ano de carência, e desconto de 25% se o pagamento for feito em dia.

De acordo com Bianchini, para muitos desses agricultores familiares, o financiamento é a possibilidade de um primeiro contato com o mundo bancário e institucional, além de um forte estímulo à organização social e produtiva.

“Em famílias em que a renda mensal média é de R$ 166, esse dinheiro permite que elas tenham recursos para fazer os investimentos mais básicos, como comprar cabras, realizar pequenas obras ou mesmo adquirir equipamentos que possibilitem o início de atividades”, explicou o secretário.

Agreste pernambucano

As facilidades para se conseguir o financiamento e a ampliação no volume de recursos concedidos estão gerando um impacto imediato nas cidades brasileiras. Buíque, no agreste pernambucano, é um exemplo de como a linha do microcrédito já começa a mudar a realidade dos agricultores familiares beneficiados.

Mil dos 5.000 produtores do município já acessaram o crédito e estão iniciando os investimentos. “Esse dinheiro é o caminho inicial para uma solução definitiva da pobreza em que vivem os agricultores familiares de nossa região”, afirmou o prefeito de Buíque, Arquimedes Valença (PMDB/PE).

O processo é longo, mas os efeitos imediatos do financiamento já podem ser vistos no município pernambucano. Nos últimos meses, segundo o prefeito, o comércio local teve um aquecimento que há anos não se via e os agricultores familiares, muitos deles pela primeira vez, estão se organizando e buscando assistência técnica para poder utilizar os recursos da melhor forma possível.

“Estamos muito esperançosos de que muitos deles terão uma ascensão econômica nos próximos anos e, assim, estarão aptos a buscar novas linhas de financiamento do Pronaf, às quais estão impedidos de acessar hoje pelo fato de terem rendimentos muito baixos”, avaliou Valença.

Novo passo

Esse é exatamente um dos objetivos da linha de microcrédito rural do Pronaf. A idéia é que com o financiamento de juros abaixo da inflação os agricultores consigam alcançar um nível mínimo de capitalização e, assim, tornem-se aptos a acessar outras linhas de crédito do Pronaf. Dessa maneira eles poderão conseguir investimentos maiores e mais recursos de custeio utilizados especificamente para a compra de sementes e adubos, por exemplo.

Hoje, pelo fato de terem renda máxima de até R$ 2 mil por ano, esses agricultores familiares não podem acessar o Pronaf C, a linha de financiamento que permite o acesso a créditos de até R$ 5 mil para investimento e até R$ 2,5 mil para custeio. As duas modalidades têm 4% de juros por ano e prazo de pagamento de até oito anos, com carência de até cinco anos.

“Com esse dinheiro já é possível dar um novo passo e ampliar sensivelmente a infra-estrutura das propriedades agregando e gerando mais renda, possibilitando que essas famílias saiam do estado de pobreza e sigam crescendo e se desenvolvendo dentro das outras linhas do Pronaf”, explicou Valter Bianchini.

Fonte: PT Nacional