15/09/2016

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"Eu conquistei o direito de andar de cabeça erguida nesse país", diz Lula


O ex-presidente Lula fez, nesta quinta-feira (15), seu primeiro pronunciamento após a apresentação da denúncia contra ele pelo Ministério Público Federal (MPF). Lula afirmou que não iria agir como ex-presidente, como um "cara perseguido" reivindicando algum favor.

Ele iniciou o discurso elogiando os advogados de defesa e disse que a esposa, Marisa Letícia, não compareceu à coletiva porque os “filhos pediram para almoçar com ela”.

Lula também elogiou o PT, partido do qual é um dos fundadores. “Tenho orgulho profundamente de ter criado o mais importante partido de esquerda da América Latina”, disse. “Nós fomos elegendo prefeitos, vereadores e, com apenas 20 anos de existência, ganhamos as eleições (presidenciais) neste país. Era uma coisa inesperada”, acrescentou.

O ex-presidente destacou que, no país, havia pouca gente com a vida "mais pública, mais fiscalizada" do que a dele, desde os tempos de dirigente sindical, nas greves de 78 e 79.

Lula afirmou ainda que tinha "orgulho" de ter criado o partido político "mais importante da América Latina".

Ao lembrar seus planos após eleito, ele destacou: "Eu fui humilde: se cada brasileiro pudesse realizar três refeições por dia, eu já tinha realizado a obra da minha vida."

Lula comparou-se aos ex-presidentes Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas e João Goulart. “Juscelino foi vítima de mais inquéritos que eu. Não tenho a vocação de Getúlio para me dar o tiro, do Jango, para sair do Brasil. Portanto, se eles querem me tirar, vão ter que disputar comigo, na rua. Eles achavam que eu estava vencido. Não sangrei e fui reeleito em 2006. Tenho consciência de que meu fracasso teria agradado meus adversários e não teria despertado tanto ódio com o PT. O que despertou a ira foi o sucesso do meu governo, a maior política de inclusão social desse país”, disse.

Para Lula, o seu "fracasso não teria despertado tanto ódio contra o PT. O que despertou a ira foi o sucesso desse governo".

Lula afirmou que o impeachment de Dilma Rousseff foi articulado "por um homem que acaba de ser cassado". "Conseguiram dar um golpe pacífico", disse, sem deixar de destacar a violência da Polícia Militar contra manifestantes.

"Se eles tratassem ladrão como tratam a molecada honesta que vai para rua, talvez não tivesse tanto ladrão. É uma vergonha jornalista ir para a rua de capacete", criticou.

Lula voltou a negar que seja dono do triplex em Guarujá, objeto da denúncia dos procuradores. Segundo ele, seus acusadores precisaram sustentar a mentira até o final, mas que, caso consigam provar algum crime de corrupção, ele se entrega à polícia.

"A desgraça de quem conta a primeira mentira é que é obrigado a passar a vida mentira. Eles inventaram que eu tinha coisas que não tenho. Quando eu transgredir a lei, me punam para servir de exemplo. Mas quando eu não transgredir, procurem outro para criar problema. Provem corrupção minha que eu irei a pé para ser preso", afirmou. "Me dedicaram um apartamento que eu não tenho, uma chácara que não é minha, disseram que eu sou o comandante maior. Eu não tenho provas, mas eu tenho convicção de que quem mentiu está numa enrascada".

Lula terminou seu pronunciamento pedindo igualdade de tempo e espaço em relação ao destaque dos procuradores da Lava Jato na imprensa. "Espero que eu tenha o mesmo destaque que meus acusadores tiveram ontem, só igualdade, oportunidade".