12/06/2014

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Em mensagem para Copa, Papa Francisco pede superação do racismo

Em mensagem sobre a Copa aos brasileiros divulgada ontem (11), o Papa Francisco afirmou que é preciso superar o racismo e que o futebol deve ser uma escola de construção para uma cultura do encontro, que permita a paz e a harmonia entre as pessoas. “A minha esperança é que, além do esporte, esta Copa do Mundo possa tornar-se a festa da solidariedade entre os povos”, dissse.

O Sumo Pontífice da Igreja Católica ainda comparou o esquema tático de um time de futebol com a humanidade pedindo para que o individualismo, o egoísmo e “todas as formas de racismo, de intolerância e de instrumentalização da pessoa humana" fossem abandonadas pela humanidade.

Neste ano, casos de racismo no futebol foram registrados tanto no Brasil quanto no exterior. Atletas foram chamados de macaco, torcidas reproduziam sons de macacos e uma banana chegou a ser atirada contra o lateral-direito da seleção Brasileira Daniel Alves, na Espanha. Desde o início do ano, o presidente da Fifa, Jospeh Blatter, e a presidente Dilma Rousseff têm reiterado que a Copa precisa ser um evento pela paz e contra o racismo.

"Não é só no futebol que ser 'fominha' constitui um obstáculo para o bom resultado do time; pois, quando somos 'fominhas' na vida, ignorando as pessoas que nos rodeiam, toda a sociedade fica prejudicada", disse.

Francisco foi convidado pela presidente Dilma Rousseff a assistir a jogos do Mundial, mas não confirmou se virá ao Brasil. A Copa começa nesta quinta-feira (12), com o jogo de abertura entre Brasil e Croácia, em São Paulo. Ao todo, 32 seleções disputarão 64 jogos e a final, marcada para 13 de julho, será realizada no Maracanã, no Rio de Janeiro.

ÍNTEGRA

 

Queridos amigos,

 

É com grande alegria que me dirijo a vocês todos, amantes do futebol, por ocasião da abertura da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

 

A minha esperança é que, além de festa do esporte, esta Copa do Mundo possa tornar-se a festa da solidariedade entre os povos. Isso supõe, porém, que as competições futebolísticas sejam consideradas por aquilo que no fundo são: um jogo e ao mesmo tempo uma ocasião de diálogo, de compreensão, de enriquecimento humano recíproco. O esporte não é somente uma forma de entretenimento, mas também - e eu diria sobretudo - um instrumento para comunicar valores que promovem o bem da pessoa humana e ajudam na construção de uma sociedade mais pacífica e fraterna. Se, para uma pessoa melhorar, é preciso um “treino” grande e continuado, quanto mais esforço deverá ser investido para alcançar o encontro e a paz entre os indivíduos e entre os povos “melhorados”! É preciso “treinar” tanto…

 

O futebol pode e deve ser uma escola para a construção de uma “cultura do encontro”, que permita a paz e a harmonia entre os povos. E aqui vem em nossa ajuda uma segunda lição da prática esportiva: aprendamos o que o “fair play” do futebol tem a nos ensinar. Para jogar em equipe é necessário pensar, em primeiro lugar, no bem do grupo, não em si mesmo. Para vencer, é preciso superar o individualismo, o egoísmo, todas as formas de racismo, de intolerância e de instrumentalização da pessoa humana. Não é só no futebol que ser “fominha” constitui um obstáculo para o bom resultado do time; pois, quando somos “fominhas” na vida, ignorando as pessoas que nos rodeiam, toda a sociedade fica prejudicada.

 

A última lição do esporte proveitosa para a paz é a honra devida entre os competidores. O segredo da vitória, no campo, mas também na vida, está em saber respeitar o companheiro do meu time, mas também o meu adversário. Ninguém vence sozinho, nem no campo, nem na vida!